terça-feira, 24 de junho de 2008

ae mano só tenho a dizer q sou grato aí pela compreensão de todos q seguem aí com ou sem a cadeira de rodas, sem nenhum tipo de discriminação pras minas e pros manos....
aqui eu vou postar uma carta que o mano crônica mendes escreveu o qual deu inspiração ao som brinquedo assasino do grupo A FAMILIA, o qual me deu grande inspiração pra continuar minha vida...



ImageOnde estão os meus passos?

Meus amigos, se alguém me perguntasse nesse momento onde estão os meus passos, eu não saberia responder, por que eu não sei onde estão os meus passos. Por isso eu gostaria de pedir a cada irmão, a cada amigo, a cada fã, que dê um passo por mim, porque eu não sei onde estão os meus passos.”

Viver era o que eu mais sabia...
Sei que minha vida não foi nada injusta, fiz o que fiz, vivi de uma forma brutal e ilimitada, e hoje, somente eu sou dono dos meus erros e de minha dor. Mas não posso viver de lágrimas nem de lamentações. Eu to vivo, isso é daqui pra frente agora.

Não posso viver de coitado, pois sei que a cadeira de rodas não é o fim e sim o inicio de uma nova vida, uma vida sobre duas rodas. Agora eu dependo não só da minha força física, mas também da minha força de vontade. Não me olhem como se eu fosse um doente, não sou metade embora não tenha as pernas ativas, meu espírito percorre todo mundo numa velocidade incrível.

Minha cadeira de rodas, minha amiga indesejável. Sei que nesse vai e vem da vida, você tem me ajudado bastante. Desculpe-me em não querer ter você sempre comigo, é porque eu queria andar sozinho, me desculpe.

Minhas pernas, minhas pernas. Sei que vocês estão vivas, sei que vocês estão esperando por mim em algum lugar que preciso ir.

Onde estão os Brinquedos?
Meus passos, onde estão os meus passos?
ImageQuando me vi ao chão, sem saber quem tinha me jogado ali, logo pensei. “Vou morrer sozinho aqui?” Lembro do casal de crente, lembro do barulho do tiro, lembro que logo após o meu primeiro pensamento, eu vi o meu sangue escorrendo por todo o meu corpo. Tentei me levantar, tentei, mas não obtive resposta das minhas pernas. Logo pensei. “A minha vida acabou e eu nem me dei conta disso.” Foram longos dias entre o viver e o vegetar, até que me vi na necessidade de continuar vivendo, eu tinha que dar continuidade a minha história, mas agora de uma nova versão, de uma nova pagina, de um novo capitulo, de um novo homem.

Eu preciso viver, sou especial pra mim e pra muita gente. A minha vida deixou de ser minha quando a minha história foi musicalisada. Eu preciso viver não posso ser um exemplo morto, derrotado. Se fosse pra viver chorando, eu estaria acabado há anos.

Minha vida sobre duas rodas não é um dos melhores exemplos, mas a minha força de vontade sim, essa creio eu que alcançara os diversos corações que se equilibram sobre duas rodas.

A vida precisa de bons exemplos entre vivência e sobrevivência. Vejo Herbert Vianna, vejo Joaquim Santos, o seu Mané da Cida, vejo o Ricardo, vejo Marcelo Yuka, o Félix Cobam, e até mesmo o Barrerito, vejo tantos outros que por muitos são anônimos, mas que pra mim são irmãos gloriosamente vencedores. São tantos exemplos de superação.

Nos dias de hoje escuto nos rádios a minha história e não sinto saudades nem pena daquilo, alguns exemplos há ser duros. Vejo as crianças cantando e me preocupo com a compreensão da história, sei que é uma música, mas músicas celebram momentos inspiradores da nossa vida.

Sei que existem pessoas quem não me aceitam como parte da sociedade, sei do preconceito delas, mas vou vencendo a cada dia, um a um, esses motivos tolos. Não sou deficiente, não rastejo aos pés de ninguém, não sou aleijado, nem tampouco estou morto. A minha vida é longa. Sou o dono de minha história, sou meu herói, sou um cérebro sobre rodas que faz loucuras...

...a caminhada continua!
Com a cara, a coragem e a cadeira.
Esse depoimento nasceu o som Brinquedo Assassino - A Familia

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